Desde não me lembro quando comecei a ler o jornal para me manter informado e conhecer opiniões sobre as principais questões do nosso dia-a-dia. Comecei com o Jornal do Brasil e hoje tento ler O Globo sempre que possível, na sua versão impressa.
A edição desta manhã fria de sábado (26/07/2014) aqui no Rio trouxe várias matérias interessantes, a começar por “Discutir Política é uma Utopia”, opinião de Verónique Hébrand, na coluna Conte Algo que Não Sei.
Depois lí os artigos do Cacá Diegues e Jacob Dolinger sobre o conflito na Palestina e, como a maior parte da população (que sabe que existem guerras em andamento), gostaria que as diferenças pudessem ser resolvidas e a paz voltasse a reinar.
Bacana saber que em São Paulo haverá uma manifestação juntando judeus e árabes. Nós, brasileiros, privilegiamos o “deixa disto” e o “aqui todo mundo se entende”. Isto só aumenta minha convicção de que o estado deve ser laico, buscando se afastar de questões religiosas para promover a harmonia e a liberdade para que todos possam ter suas próprias convicções, respeitando a pluralidade de opiniões.
Mas me parece ingênuo acreditar que basta boa vontade para resolver qualquer problema. Percebo um certo despreparo de nossa parte em lidar com o controverso, e recorremos logo ao “deixa disto” quando alguém mais exaltado, por mais que tenha razão, começa a reclamar de alguma coisa. Voltando a questão da Palestina, não conhecia esta suposta oferta do Brasil ceder uma parte do nordeste para abrigar o novo estado de Israel mencionada no artigo do Diegues. Tentei confirmar isto na internet, sem sucesso, mas me deparei com material muito interessante intitulado BRASIL-ISRAEL: Da partilha da Palestina ao reconhecimento Diplomático (1947-1949), afirmando que na época o Brasil declarava abertamente não ter interesses e posições específicas a defender.
De qualquer modo, pensar o que teria acontecido se a oferta existisse e tivesse sido aceita mostra como podem ser complexas as questões territoriais. Eu nunca fui ao Acre, mas se os Bolivianos viessem agora reclamar que o querem de volta eu ficaria indignado (como fiquei com a expropriação de refinarias da Petrobrás por lá em 2006)! Por isto me preocupa a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas (PNGATI – Decreto No 7.742) ao garantir aos povos indígenas o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos existentes em terras indígenas.
Em episódio recente vimos um grande debate no congresso sobre os direitos de todos os brasileiros em usufruir os royalties do petróleo, colocando o Rio de Janeiro no papel de vilão ao querer defender a manutenção do esquema de distribuição então vigente. O que poderá acontecer se, como creem alguns, descobrirmos grandes quantidades de petróleo em terras indígenas na Amazônia ? Será então justo deixar somente o povo indígena usufruir tal riqueza ? Imaginem, ainda, se o pré-sal descoberto recentemente estivesse naquele pedaço de terra que teria sido cedido ao povo de Israel ?
Os defensores da PNGATI (que tem seus méritos), poderão dizer que não ha motivo para preocupação, já que a mesma contará com um Comitê Gestor, composto por representantes do governo e dos povos indígenas. Com a Política Nacional de Participação Social (PNPS – decreto No 8.243) tudo ficará ainda mais tranquilo, pois este conselho poderá contar também com a participação da sociedade civil.
Para resolver todos nossos problemas apenas boa vontade talvez não seja suficiente, mas colocando Conselhos com participação social tudo se resolverá ! Curioso que esta iniciativa pretenda ser uma resposta as manifestações populares do ano passado, especialmente quando testemunhamos a prática do Executivo de administrar o país por decretos, em geral “assimilados” pelo Legislativo.
Para ser justo, parece que não vai ser assim com a PNPS e que esta será mais uma derrota da atual administração petista. Espero que assim seja mas que a imprensa não retrate a rejeição apenas como resultado de picuinhas entre políticos interesseiros querendo conquistar mais espaço na próxima administração. Temos que valoriza o trabalho dos bons políticos e tentar separar o joio do trigo.
É preciso resgatar a importância do Congresso Nacional e nele reconhecer o principal mecanismo de representação da sociedade, para que em seu nome (do povo) possa cumprir sua missão. Neste aspecto o Aécio Neves, que já foi inclusive presidente da Câmara, me parece estar melhor preparado para dar a ele o devido valor e respeito.
Fecho meus comentários fazendo referencia ao artigo do Senador Cristovam Buarque, que diz que todos os políticos devem pedir desculpas aos brasileiros. Melhor ainda se conseguirmos desculpar somente os que merecem, permanecendo na política apenas aqueles ainda com motivação para querer enfrentar de forma ética os enormes desafios que temos pela frente.
Temos que mudar muita coisa, sair da zona de conforto e não nos furtarmos a confrontar pontos de vista buscando sempre o melhor para o todo e não somente para uma ou outra parte. As eleições de 2014 são uma excelente oportunidade para contribuir com esta mudança e por isto é que me decidi sair candidato a deputado federal pelo PSDB do Rio de Janeiro.